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quarta-feira, junho 15, 2011

Crítica - ou tentativa de - do filme Antes do Amanhecer

Semana passada eu vivi uma das experiências mais fodas (termo técnico como aprendi :D) da minha vida, ao tirar as tarde, uma semana inteira, para fazer o curso de Teoria, Linguagem e Crítica, do Pablo Villaça. As pessoas que me seguem no twitter sabem o quanto eu adorei e o quanto recomendo o curso, tanto para quem quer trabalhar na área, mas também para aqueles que simplesmente amam o cinema. 

Pois bem, alguns dias antes do curso começar, o Pablo nos enviou um e-mail, pedindo que escrevêssemos um texto, de até 400 palavras sobre Antes do Amanhecer, do Linklater ou sobre Cães de Aluguel, do Tarantino. Apesar de amar Tarantino, acabei optando pelo primeiro filme, pela facilidade de encontrá-lo perto da casa da minha avó. 

Claro que depois de uma semana de curso eu mudaria algumas coisas, aprofundaria um pouco mais em certos aspectos, mas realmente fiquei feliz com os comentários feitos pelo Pablo na minha pseudo-crítica. E, atendendo ao pedido do Maurício, resolvi colocar o texto aqui.



Antes do Amanhecer (Before Sunset)

Já assisti ao longa Antes do Amanhecer, de Richard Linklater algumas vezes, em momentos diversos de minha vida e uma das coisas de que mais gosto no filme é a capacidade que ele tem de me encantar sempre, de me fazer pensar na vida, nos relacionamentos, nas amizades, e ver que, dependendo do momento em que estou, me identifico mais com Jesse ou com Céline. 

Antes do Amanhecer é uma história de amor contada de forma simples, recheada por uma bela fotografia, principalmente de Viena. Tudo começa em uma viagem de trem onde os dois personagens se conhecem. Jesse é um americano, racional, decepcionado com seu último relacionamento; Céline, uma estudante francesa, romântica e independente, que volta das férias na casa da avó, para Paris. Após algumas conversas no vagão-restaurante, Jesse propõe que os dois passem aquele dia juntos em Viena. 

Não há inúmeros personagens, histórias que se entrelaçam, nada. Linklater consegue criar um grande filme baseado no diálogo entre os dois personagens que, aos poucos, vão trocando ideias e se conhecendo. O espectador, do outro lado da tela, vai vendo o nascer deste relacionamento, da cumplicidade entre os dois e, principalmente, se identifica com os sentimentos expostos na tela; os confrontos entre razão e emoção do início, que vão convergindo em desejo, amizade, amor... 

O roteiro é construído de tal forma, que, muitas vezes quem assiste, se sente como um voyeur, observando a conversa dos dois jovens. Os diálogos parecem fluir naturalmente, como se eles tivessem improvisando, ou simplesmente andando por Viena e conversando mesmo. Os planos longos e os closes ajudam a criar essa sensação de intimidade. 

À medida que o filme avança, nos deparamos com um típico primeiro encontro, narrado não de forma clichê, e sim poética, o ansiado beijo após longas conversas, a distância que está por vir à medida que o amanhecer se aproxima, a efemeridade da vida, a dor da despedida... Tudo isso numa única experiência, de 24 horas, mas que, com certeza nunca será esquecida. Uma história de amor que poderia acontecer com qualquer um, na ficção ou na vida real. Mas não apenas isso, trata-se de uma fábula da essência humana com toda a sua complexidade. Talvez por isso Antes do Amanhecer seja tão tocante.