
Depois de ler várias colunas e críticas nos jornais, assistir a alguns debates e ver diversas entrevistas com o diretor José Padilha, fui finalmente assistir ao filme Tropa de Elite e, definitivamente, não é um filme fascista! Nada a ver essa visão.
Gostei do filme. Acho que é, realmente, um tapa na cara de nossa sociedade. Um grito de : "ei, vamos acordar". Não dá pra negar que aquilo que acontece na tela acontece todos os dias e não apenas na cidade do Rio de Janeiro, mas também em São Paulo, em Belo Horizonte e acredito que em várias outras capitais do Brasil. Todos sabemos que parcela da polícia é corrupta, que os "filhinhos de papai" que consomem drogas estão financiando o tráfico, que hpa tortura nas favelas e nas carceragens, etc... Porque é então, que quando um filme vem mostrar tudo isso as pessoas se chocam e rotulam o filme de fascista?
Não concordo com os métodos utilizados pelo Bope e pelo Capitão Nascimento, brilhantemente interpretado pelo Wagner Moura. Aliás, não apenas ele, mas Caio Junqueira e André Ramiro também estão muito bem em seus respectivos papéis. Mas, voltando ao assunto, não acho que se resolve a violência com violência. Mas quem conhece o Rio de Janeiro, quem vive lá, sabe que a cidade está enfrentando uma guerra e, infelizmente, em uma guerra, não dá pra ser bonzinho o tempo todo, às vezes é preciso sacrificar uma parcela para conseguir alcançar um objetivo maior no final.
É triste, mas o Rio não precisa ter chegado ao estado que chegou se tivesse havido mais interesse por parte dos governantes, se o problema tivesse sido atacado lá no começo, antes que o tráfico tomasse conta de todas as favelas cariocas. O Bope sobe e mata? Sim, mas não dá pra fingir que os traficantes também fazem as suas vítimas nas comunidades.
Triste ver que vivemos em uma sociedade em que as pessoas fazem "chacota" da tortura, imitam os gestos em forma de sátira e mandam para o youtube, como se estivessem filmando uma festa, uma reunião entre amigos. Que sociedade é essa que aprova atos tão bárbaros? Que jovens estamos criando e em que tipo de adultos eles irão se transformar?
Achei que faltou uma coisa no filme. Alguma cena em que o Capitão Nascimento e o seu Bope matassem algum inocente. Porque por mais que o Bope seja mais bem preparado, aja com estratégia, não dá pra fingir que eles entram nas comunidades e só matam bandidos. Talvez uma cena dessas trouxesse mais debate, e não fizesse do Capitão Nascimento o herói que ele acabou virando, não fizesse os jovens estarem agora imitando seus gestos e bordões. Pelo menos, eu prefiro pensar dessa forma!
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