O amor que eu nunca fiz tinha cheiro de pecado
Tinha um monte de carinhos guardados
Tinha início num simples beijo
Que terminava envolto em milhões de desejos.
O amor que eu nunca fiz era criança
Era alucinado e acalorado
Depois virou adolescente e carente
Mais tarde, um senhor triste e empalhado
Escondido dentro do passado.
O amor que eu nunca fiz
Tinha cheiro de jasmim
Perfume de alecrim
A cor da aurora
Teria sido um instante de glória
Talvez o começo de uma história.
Chamava por mim
Sempre foi assim...
No silêncio da madrugada
Em alguma hora encantada...
Ele era fantasiado de alegria
Escondido atrás da agonia
Quente e louco
Perturbado e indisciplinado
Era medroso, cheio de angústias
Partículas de tormentos
Cheio de instantes e momentos.
O amor que eu nunca fiz
Me chamava, me enfeitiçava
Tentava me levar ao final da estrada
Mas minha fuga
Sempre era alucinada
Fuga de lágrimas, sem palavras.
O amor que eu nunca fiz era gelado
Frio e molhado
Doce e salgado
Fugitivo e enraizado
Seco e atormentado
Imperfeito e arruinado.
O amor que eu nunca fiz...
Me deixou marcas
Por toda parte
Por cada pedaço do meu corpo
Nos lábios e no rosto
No peito e na emoção
Na saudade e no coração.
Fugiu de mim
E sempre vai ser assim
Porque o amor que eu nunca fiz
Riu quando eu não quis
Embora eu saiba
Que dentro do seu coração
Ficou um vácuo
Uma ilusão
Uma estranha sensação...
Mas o amor que eu não fiz
Ainda me atormenta
Ainda me alimenta
Ainda não se satisfaz
Ainda não é capaz.
O amor que eu nunca fiz
De certa forma eu já fiz
Quando olhei nos seus olhos
Quando beijei a sua boca
Quando fiquei completamente louca
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