terça-feira, junho 06, 2006

Hoje vou falar de futebol

Era uma vez um time de futebol lá na capital de Minas Gerais. Seu uniforme era branco com listras pretas e tinha um Galo forte e vingador como símbolo.


Esse time tinha uma alma. Uma alma guerreira, lutadora e raçuda. Raça era seu nome. Não existia resultado ruim para quem vestia aquele manto sagrado. Fosse qual fosse o resultado os jogadores continuavam com fome de gol. Se estavam ganhando queriam fazer mais e assim aumentar seu saldo de gol. Se estavam perdendo, acreditavam até o último minuto que ainda seria possível reverter o resultado. Não existia bola perdida, os jogadores corriam atrás da bola estivesse ela onde estivesse.


Quem teve o prazer de assistir aos jogos desse time deve se lembrar, com certeza, de nomes como Éder, Reinaldo, Cerezo, Dadá Maravilha e outros, muitos outros. Clássico, naquela época era Atlético-MG e Flamengo. O país parava para assistir às muitas finais disputadas pelos dois, tanto no Mineirão, casa do Galo, quanto no Maracanã, onde o Flamengo imperava.


Mas o tempo foi passando e um dia a alma daquele time se perdeu por aí. Se perdeu em algum dos estádios por onde o Galo passou ou então cansou de tanta burrice por parte dos dirigentes e resolveu arrumar sua mala e ir embora. E com o sumiço da alma, os torcedores atleticanos ficaram órfãos. Eles não reconhem mais esse time que atualmente entra em campo vestindo aquele uniforme e se intitulando Galo. Esse time atual não pode ser aquele velho Atlético Mineiro. Não pode porque os jogadores desse time atual não correm atrás da bola, abaixam a cabeça depois que tomam o primeiro gol e parecem rezar pedindo para não tomar o segundo ou então, quando saem na frente parecem ter medo de que aquilo seja um sonho e acabam se amedrontando. Esse time, ao contrário Daquele, joga feio, faz o torcedor sentir vergonha, chorar de revolta e sentir saudade do passado, do passado que não volta mais, daquela época em que Éder, Reinaldo, Cerezo, João Leite representavam o verdadeiro espírito da Raça.



* Esse texto foi escrito por mim depois da revolta de sábado ao ver o Atlético perder para o Brasiliense. Perguntei para o meu pai como o Atlético poderia estar perdendo para aquele time horroroso e ele me disse que infelizmente o Galo conseguia ser pior do que o outro time. Isso me revoltou. Como me revoltou a discplicência de Ramón, a falta de garra e de raça do Márcio Araújo. Tento me convencer que nem tudo está perdido, que a alma atleticana ainda resiste e de vez em quando sente saudade e se instala em um ou outro, em jogadores como Lima, Danilinho e Zé Antônio, mas isso é pouco. Quero a alma inteira. Quero um time de verdade, um time que entenda a tradição do Atlético e que queira de verdade reverter essa situação, que entenda porque é que o Galo não pode se rebaixar e aceitar a segunda divisão sem lutar. Quando esse time compreender isso e começar a jogar como o time de antigamente (sendo saudosista mesmo!), com raça, correndo atrás da bola, lutando pelas jogadas, tentando marcar e etc, aí sim, o resultado pode até não ser o esperado, mas pelo menos o torcedor vai ter a sensação de que o melhor foi feito e vai saber reconhecer o esforço e a garra.

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